Aula 1: Fundamentos da Luz
Introdução
Seja bem vindos ao curso de iluminação básica de estúdio.
Nesse curso vamos aprender um básico, mas que vai resolver 90% de todos os casos que você pode enfrentar dentro de um estúdio de fotografia. Seja fotografando pessoas ou produtos e ainda, na última aula, vou te dar um set simples, porém muito bem elaborado para e-commerce com apenas duas luzes, e você vai perceber que sua produtividade vai aumentar e muito daqui pra frente.
Primeiramente, meu nome é Renan Prando, sou fotógrafo há 20 anos e desde então tenho me dedicado à fotografia de moda, beleza e publicidade. Nesses 20 anos pude viver a fotografia no meu dia-a-dia, enfrentando as mais diversas dificuldades, desde a leitura e execução de um briefing de agência de publicidade, seja lidando com as mais diversas personalidades dentro da moda ou encarando produtos de extrema dificuldade para se iluminar.
Já fui professor de fotografia na universidade, lecionando para turmas de moda e publicidade e professor de comunicação visual para turmas de arquitetura e design de interiores, além de outros cursos já ministrados.
Em 2011 me mudei para São Paulo e trabalhei como assistente de fotógrafos de grande destaque nacional incluindo JR Duran, entre muitos outros ligados à moda, publicidade e produtos. Acredito que toda essa gama de profissionais me deu um amplo conhecimento dos mais diversos mercados da fotografia.
Como fotógrafo, já trabalhei para marcas de renome nacional como Boticário, Samsung, Pernambucanas, Coca-Cola, Riachuelo, Frimesa, Neosaldina, Arezzo, entre outras.
Os Tipos de Luz
Bom, nosso curso é baseado em iluminação de estúdio. (luminária + ovo)
Para começar é preciso primeiramente entender o que é luz e suas características.
Luz é uma onda eletromagnética perceptível ao olho humano. Ela viaja pelo espaço até encontrar barreiras que podem bloqueá-la ou modificá-la.
A luz pode ser de dois tipos, a chamada luz incandescente ou luz luminescente.
A luz incandescente é toda fonte que através do calor produz luz como fogo, sol, chama de isqueiro, lâmpada de filamento.
A luz luminescente é produzida através de uma reação química e não gera tanto calor. Luz de LED, luz fluorescente, tela de computador.
A luz viaja em linha reta e pode sofrer algumas alterações quando “bate” em algumas superfícies. Ela pode ser absorvida totalmente (pano preto), não gerando reflexão, rebatida onde refletirá no mesmo ângulo de incidência (espelho), pode espalhar em várias direções (refletor branco), pode refratar por onde passar (vidro, água) gerando uma mudança no ângulo, pode ser transmitida por onde passar (filtro).
Basicamente existem apenas 3 tipos de luz que podemos usar. São elas: luz direta, luz filtrada e luz rebatida.
A luz direta é aquela luz que vem direto da fonte (seja sol, fogo, lâmpada elétrica) e que não sofre nenhum tipo de modificação. Tipo um dia de sol com o céu limpo sem nuvens, a luz solar bate diretamente.
A luz filtrada é aquela luz que vem direto da fonte mas passa por alguma espécie de filtro, esse filtro pode ser os mais variados, mas principalmente filtros difusores e coloridos. Tipo um dia nublado, com nuvens. A luz solar passa através das nuvens como um filtro, deixando-a mais difusa e suave.
A luz rebatida é aquela luz que vem direto da fonte e é rebatida em alguma superfície, onde temos então o reflexo desse objeto como fonte de iluminação. É o que conhecemos como luz indireta. Tipo a luz do sol que preenche uma casa através da janela, onde o sol não está diretamente passando pela janela, mas sua luz é rebatida nas paredes iluminando o ambiente.
As Características da Luz
A luz tem várias características mas vamos focar no que precisamos entender e saber para dominar ela dentro do estúdio.
Primeiramente vamos falar sobre a intensidade da luz. A intensidade é a quantidade de luz emitida pela fonte. Sua intensidade pode ser fraca ou forte.
Temos também a qualidade da luz. Isso diz respeito a duas possibilidades; uma luz pode ser “dura” pois é uma luz que projeta uma sombra dura e bem definida. Esse tipo de luz vem de uma fonte direta e bem focada. A outra qualidade da luz é que ela pode ser “suave”, essa luz projeta uma sombra mais suave e com pouca definição, sem muito contraste. Essa luz vem de uma fonte grande e que “abraça” todo o objeto fotografado.
Falando em fontes de luz, temos também o que chamamos de temperatura da luz.
Partindo de uma escala que vai do laranja até o azul, toda luz emite uma cor. Essa cor é medida em temperatura Kelvin, ou seja, quantos Kelvins tem essa luz. Uma luz mais alaranjada tem um Kelvin mais baixo, cerca de 2000 e 3000 Kelvins uma luz mais azulada tem acima de 6000 Kelvins. A chamada luz neutra tem cerca de 4200 Kelvins. Um exemplo, ao longo do dia temos situações onde a luz do sol é mais amarelado ou mais azulada. No nascer e no pôr do sol, a sua temperatura é mais baixa, ou seja, mais quente, mais alaranjada, cerca de 2000 K; durante o início da manhã e final da tarde ela fica neutra com cerca de 4000 K e durante o pico, meio dia, cerca de 6000k.
Na fotografia nós temos que entender uma coisa. O balanço de branco das câmeras é o oposto da temperatura de cor porque o cálculo é de compensação. Por isso, não estranhe que uma luz de 3000k seja amarelada, mas o balanço de branco na sua câmera em 3000k seja azulada, justamente porque é o cálculo para o branco ficar neutro. Se você projeta uma luz de 3000k, sua câmera deverá ser ajustada para 3000k para o branco ficar neutro.
O último ponto a se falar em característica de luz é a sua direção. A luz pode vir de vários sentidos, seja frontal, lateral, traseira, de cima, de baixo, etc.
Uma vez entendido as características da luz, podemos agora entender as chamadas Leis da Luz.
Toda luz emitida quando atinge um objeto automaticamente cria esses 5 aspectos que vamos analisar de forma prática.
Toda luz emitida cria uma zona de alta luz, um foco de luz, uma passagem/transição, uma sombra e uma projeção.
A zona de alta luz nada mais é do que a área iluminada do objeto.
O foco da luz é o seu ponto central de incidência.
A passagem/transição é a passagem da área iluminada para a sombra.
A sombra é a área onde não incide a luz. Inversamente oposta a zona de alta luz.
A projeção é a sombra que o objeto iluminado projeta.
As 5 leis acontecem todas as vezes que uma luz é acesa. Isso não muda, por isso se chama lei, mas pode ser manipulada. Isso tudo é o que cria “dimensão”.
Agora, entenda uma coisa. É justamente entendendo essas características todas sobre o comportamento da luz que conseguimos manipular e moldar como vamos iluminar pessoas e objetos a fim de criar o melhor cenário possível. Seja através das emoções passadas com essa iluminação, seja mostrando e até escondendo. Dessa forma utilizamos da luz, elemento primordial para a fotografia, como um meio de comunicação.
Você precisa estar logado para fazer anotações.